A logística 4.0 já começou no Brasil?

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Sim. E não. O cenário atual somado ao aumento abrupto do setor, acelerado por causa da pandemia do covid-19, mostrou que há dificuldades, mas também oportunidades.
A logística 4.0 é a que utiliza a tecnologia nos processos de armazenamento, monitoramento, segurança, transporte, entre outros, para torná-los mais eficientes. Dentre os benefícios, estão a redução de custos e de estoques, o que minimiza desperdícios e perdas, maior integração entre os participantes da cadeia de suprimento, menores prazos de entrega, melhor aproveitamento das frotas, otimização da roteirização, dos espaços e custos de armazenagem e ainda maior segurança da cadeia de fornecimento, de modo a evitar paradas em linhas de produção. Ou seja: todo o ecossistema é beneficiado.
As tecnologias mais aplicadas à logística 4.0 são as de armazenamento e administração de dados, como big data, computação em nuvem e Business Intelligence, inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT), blockchain, automação e uso de drones, entre outros.
Em uma entrevista via live promovida pela revista Exame no dia 8 de julho, foram convidados três experts do ramo: Rodrigo Mourad, cofundador e presidente da Cobli, Mauro Telles, superintendente de produtos da Veloe e Vasco Oliveira, sócio da SK Tarpon, CEO da Niche Partners e presidente do conselho NSTech.
Eles comentaram sobre os desafios relacionados à infraestrutura e de se fazer uma logística 4.0 em um país como o Brasil, cuja extensão territorial é enorme. Para Mourad, um dos pontos principais que ele lida hoje é a falta de dados. “Estamos sempre tentando otimizar as decisões do ponto de vista de fluxo e a falta de dados para a tomada de decisão ainda não nos leva a uma solução ótima”. Como expectativa para o futuro, Telles destacou que há estimativas que versam sobre o Brasil ter frota de 145 milhões de veículos elétricos em 5 anos. Sobre o tema, Mourad também destacou a expansão dos veículos elétricos, mas ressaltou que a realidade atual no Brasil são veículos autônomos em ambientes controlados. “Mais do que isso, não vemos muito. É um horizonte mais distante”. Os três entrevistados foram unânimes em um ponto: de que a tecnologia sozinha não fará a diferença, mas sim, há a necessidade de uma mudança de cultura nas empresas. “Em várias etapas da cadeia, a tecnologia vai substituir o ser humano, mas em algumas partes a tecnologia vai complementar. Acho que as empresas que vão se dar melhor são aquelas que tiverem uma evolução cultural, as que tiverem a capacidade de fazer com que as suas equipes gerenciem bem a tecnologia”, ressaltou Vasco.
Segundo Nicolas Jolivet, Professor do IDESF e Diretor da empresa Schryver, com experiência em logística e comércio internacional no Porto de Hamburgo (Alemanha), a grande questão da logística 4.0 é o momento da integração. “Como consigo alinhar a comunicação entre fornecedores de primeiro e segundo grau, empresas de fabricação, fornecedores de serviços logísticos, empresas de transportes e operadores de infraestrutura, quais são os organismos de controle necessários e os melhores fornecedores de tecnologia e finalmente como isso irá impactar o fluxo econômico e financeiro”.

Logística em regiões de fronteira
A logística, em si, já é um tema amplo de estudos. Quando aplicada às regiões de fronteira, o debate ganha ainda mais relevância. De acordo com Nicolas, nas regiões de fronteira a logística engloba outros aspectos: “A operação eficiente de uma cadeia de suprimento requer a disponibilidade na entrada (portos, aeroportos, passagens de fronteira) e infraestrutura de transporte (estradas, ferrovias e armazéns) equipados com tecnologia digital, bem como redes de alta capacidade. Nos últimos anos, os algoritmos de “portas inteligentes” têm aumentado exponencialmente nossa capacidade de conectar plataformas automatizadas para melhorar o monitoramento e as informações sobre o posicionamento e status de bens e atividades, combinando isso com informações meteorológicas, de empresas e de tráfego aéreo e marítimo”.

MBA “Gestão de Negócios e Segurança de Fronteiras”

Estes e outros temas relacionados a fronteiras podem ser vistos no MBA lançado pelo IDESF. Uma das disciplinas que faz parte da ementa é “Logística, trade e supply chain: infraestrutura em regiões de fronteira”, cujo conteúdo abarca a análise da logística internacional e dos principais modais e terminais de transportes no mercado global, transportes aéreo, aquático, rodoviário e ferroviário. Além disso, as vantagens e diferenciais da logística e transporte estratégico, a distribuição física, as estratégias de distribuição e redes, além dos trâmites aduaneiros fronteiriços. Na disciplina, também são apresentados estudos de caso sobre a legislação e políticas nacionais de transportes e acessibilidade em regiões de fronteira, além de exemplos de países com sistemas inteligentes.
Nicholas ainda comenta que existem pontos que vão além e visam uma verdadeira integração 4.0, como a adaptação às necessidades do consumidor final, flexibilidade ou acordos de colaboração entre países diferentes. “Negócios sustentáveis para o nosso futuro desenvolvem um equilíbrio melhor entre as cadeias de produção e distribuição, melhorando a eficiência da gestão do transporte e armazenamento”.

As matrículas para a turma do MBA estão disponíveis em: https://mbaonline.idesf.org.br/

Texto: Eloiza Dal Pozzo

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